Qual o interesse de indivíduos assintomáticos fazerem testes de imunidade da COVID-19 (anticorpos igG e igM) para saber se tiveram contato com o vírus sem terem desenvolvido sintomas? Esses testes são fiáveis? E, no caso particular de um indivíduo que teve uma constipação ligeira, em meados de março de 2020, na altura não considerado caso suspeito, porque estávamos em fase de contenção e não tinha link epidemiológico? Tem interesse fazer o rastreio desses anticorpos?
A realização destes testes apresenta, neste momento, duas grandes limitações.
Por um lado, atualmente, estes testes apresentam uma baixa sensibilidade e baixa especificidade. Assim, a probabilidade de ter um teste negativo, ainda que apresente anticorpos contra a COVID-19, ou ter um teste positivo, ainda que não os apresente, não é negligenciável, o que não traz segurança na interpretação dos resultados.
Por outro lado, ainda não sabemos se a existência de anticorpos nos impede de vir a ter a doença uma segunda vez, visto não sabermos ainda qual o número mínimo de anticorpos para impedir a progressão de uma nova infeção.
Esperamos que, nos próximos meses, a qualidade dos testes melhore, assim como se compreenda melhor se a existência de anticorpos realmente nos traz imunidade a médio prazo para a doença.
Até lá, a realização do teste pode ser proposta para fins de investigação ou ponderada por mera curiosidade. Independentemente do resultado destes testes ou mesmo de ter tido infeção por COVID-19 no passado, as medidas de precaução, como o distanciamento físico, higiene das mãos e etiqueta respiratória, devem neste momento ser mantidas.